Brasil, 24 de Setembro de 2024
16 de agosto de 2010

Mercado de luxo vê o Brasil como um país de oportunidades

Mercado de luxo vê o Brasil como um país de oportunidades



Mercado de luxo vê o Brasil como um país de oportunidades

Dois expoentes representantes do mercado de luxo no Brasil, Gustavo Cesar de Oliveira, diretor executivo da Robb Report Brasil, e Carlos Ferreirinha, consultor de luxo da MCF Consultoria e Conhecimento, estiveram em São Paulo, para apresentar os novos rumos e as expectativas do mercado de luxo no país.

Segundo os palestrantes, no Brasil, sem dúvida, o setor está em expansão, prova disso é o fato da Robb Report, principal revista de luxo do mundo, publicar uma edição brasileira, desde o início deste ano. Aqui, o título é uma parceria entre a VB Comunicação e o grupo norte-americano CurtCo Media. “A Robb Report veio para o Brasil por causa do crescimento do país e também pelo consumo de luxo. Nos últimos seis meses, a publicação com tiragem de 30 mil exemplares apresentou um aumento expressivo no número de anunciantes, cerca de 50%, sendo que a quantidade de publicidade paga triplicou”, afirmou Gustavo Cesar de Oliveira, diretor executivo da Robb Report.

Para ampliar ainda mais a penetração do título, a diretoria da Robb Report planeja efetuar parcerias e ações com o objetivo de divulgar a revista e assim conquistar novos leitores. “Serão feitas campanhas institucionais nos aeroportos de Congonhas/SP Cumbica/SP Santos Dumont/RJ Confins/MG e em Brasília/DF, lugares estratégicos para a revista. Esses investimentos devem aumentar ainda mais a importância da edição brasileira em relação ao mundo”, completou Gustavo Cesar de Oliveira.

A Robb Report conta com um perfil de leitores bem definido, cerca de 92% são homens, a maioria possui formação superior e 36% têm pós-graduação. No trabalho, 84% ocupam cargos de gestão ou direção e 68% são proprietários ou sócios.

Realidade brasileira
Carlos Ferreirinha, consultor da MCF, apresentou informações que explicam o cenário do mercado de luxo no Brasil e ainda, os fatos que atraíram o investimento de uma revista neste segmento. “O Brasil se tornou prioridade no mercado de luxo para os próximos anos, temos pela frente no mínimo dez anos de crescimento sustentável no setor. Além disso, a crise também atingiu o mercado de luxo, mas no Brasil assim como na economia, esse impacto foi menor. Enquanto o mundo, de maneira geral, ainda busca se recuperar, no Brasil, para a maioria dos empresários isso já é passado. Eles dizem que no exterior a crise ainda não passou, e que o cenário deve mudar apenas a partir de 2012, ou 2013. Por aqui, isso melhora agora em 2010”, comentou.

Dessa forma, o Brasil está na pauta das discussões das grandes empresas internacionais. “Somente a MCF, nos últimos cinco meses, fez 18 reuniões com grupos internacionais. A curto prazo, o mercado brasileiro é restritivo, já a longo promete expressivo crescimento”, esclareceu.

Mas nem tudo são flores, segundo Ferreirinha, os representantes desses conglomerados internacionais, quando vem para cá conhecem as dificuldades apresentadas pelo país. “O maior empecilho, sem dúvida, é a alta carga tributária, precisamos com urgência de uma reforma para aumentar a competitividade. Aqui, se paga tanto imposto, que muitos brasileiros fazem viagens de consumo e não de cultura, isso é um absurdo. Por exemplo, a cada dez calças comercializadas pela Diesel para brasileiros, nove foram adquiridas no exterior e apenas uma em território nacional”.

Outra questão levantada pelos investidores é a respeito das dimensões do Brasil. Afinal, qual o tamanho do mercado de luxo no país? “A grande novidade é o ressurgimento do Rio de Janeiro neste cenário. Um exemplo disso é o lançamento do Shopping Village Mall, que deve valorizar a cidade para o mercado internacional, principalmente as regiões da Barra da Tijuca (onde estará localizado) e do Recreio dos Bandeirantes. Trata-se de um novo conceito, com a edição das marcas que estarão presentes. O número de lojas será limitado, algo em torno de 120. O projeto é uma iniciativa da Multiplan Empreendimentos Imobiliários e deve ficar pronto em 2012”, esclareceu.

Já no Estado de São Paulo, quem vem chamando atenção de Carlos Ferreirinha é o interior. “A região se fortaleceu pela expansão do agrobusiness, os destaques são as cidades de Americana, Ribeirão Preto e Sertãozinho para o mercado de luxo”.

No planalto central, todas as atenções estão voltadas para Brasília/DF. “A Dubai brasileira, com uma sociedade política, é hoje o terceiro mercado do país, algo quase surreal, fica à frente inclusive de Porto Alegre/RS. Qualquer segmento que não considere Brasília comete um grave erro. O ritmo de crescimento da classe média nessa região é pujante”, destacou.

Cartão de crédito
Para Ferreirinha o brasileiro tem uma relação diferenciada com o cartão de crédito. “Por aqui, o preço de produto não é visto como o total, por exemplo, R$ 5.000,00, mas sim pelo valor da parcela 10 X de R$ 500,00. É por meio deste mecanismo que a classe média consome produtos de luxo. Mas para que a marca continue sendo vista como de luxo é preciso investir na exclusividade, por exemplo, nos itens de edição limitada à R$ 50.000,00”, alertou.

Sustentabilidade
Quando questionado sobre a questão da sustentabilidade do mercado de luxo, o consultor da MCF, Carlos Ferreirinha foi enfático e disse que ainda não existe essa preocupação. “É sem dúvida uma tendência, mas o mercado de luxo continua afastado do tema. Para esse nicho, essa ainda é uma questão complicada, até porque o consumo do mercado de luxo é emocional e não consciente como o dos produtos ecológicos”, comentou.

Em 2010, setor deve apresentar faturamento superior a 20%

A pesquisa O mercado do Luxo no Brasil – ano IV, realizada pela MCF Consultoria e Conhecimento em parceria com a GfK Brasil, revelou que o mercado de luxo brasileiro movimentou US$ 6,23 bilhões em 2009, o que representa um crescimento de 4% em relação a 2008. E mais, a expectativa para 2010 é de incremento de 22% no faturamento.

Os investimentos no setor também cresceram nesse período, de US$ 950 milhões em 2008 para US$ 1,24 bilhão em 2009. Já para 2010, é aguardada uma pequena retração, que deve atingir a cifra de US$ 1,21 bilhão.

Em relação aos resquícios da crise, 67% das empresas declararam que não a temem mais. Enquanto, apenas 3% acreditam que seus negócios ainda serão afetados.

Quanto aos investimentos das empresas, os projetos mais citados referem-se à expansão do mercado alvo (33%), fortalecimento da imagem/marca (30%), abertura de lojas próprias (20%) e gestão de relacionamento com o cliente (9%). No universo de quem vai investir em expansão, 86% pretendem apostar no crescimento do número de lojas próprias, 50% devem aumentar a participação em multimarcas e 7% em quiosques.

Segundo as empresas entrevistadas com exceção de São Paulo e Rio de Janeiro, as cidades mais promissoras para a expansão do mercado do luxo são Brasília (53%), Porto Alegre (7%), Curitiba (7%), Salvador (6%), Recife (4%), Belo Horizonte (4%) e Ribeirão Preto (3%). Já o aumento das unidades será pulverizado principalmente entre São Paulo (54%), Rio de Janeiro (39%), Brasília (39%), Belo Horizonte (31%), além de Porto Alegre, Goiânia, Curitiba e Ribeirão Preto.

Quanto à presença no exterior, 53% já atuam fora do país e 39% dos clientes já realizaram compras da marca no exterior. Segundo 65% dos entrevistados, a principal motivação é o preço mais baixo, seguidas da oferta de variedade 27% e do glamour com 11%.


A pesquisa
O estudo foi realizado no período de janeiro a maio deste ano com 283 empresas que atuam no segmento de luxo ou premium no Brasil. Do total, apenas 95 responderam integralmente à pesquisa. A maior parte pertence ao varejo (61%), seguida das empresas de serviços (24%) e de produção/indústria (15%). Quanto à atuação, 26% pertencem ao ramo de moda, 19% ao de calçados, 18% trabalham com confecção/vestuário e 17% com perfumaria.

O consumidor
O principal personagem da dinâmica do consumo também foi contemplado. Participaram da pesquisa 344 consumidores do segmento. Em 2009, o valor médio da compra diminuiu em 25% em relação ao ano anterior, caindo de R$ 3.454 para R$ 2.726. Para 2010, o setor prevê taxa de crescimento de 22%, isso significa que os patamares antes da crise serão retomados.

As mulheres representam 58% destes consumidores. O Estado de São Paulo tem a maior concentração dos compradores deste setor com 66%. Quanto ao perfil, 33% têm entre 26 e 35 anos e 30% estão na faixa dos 36 aos 45 anos. Em relação à escolaridade, 47% são pós-graduados e 36% possuem ensino superior. Já a faixa salarial de 45% dos consumidores do luxo é superior a R$ 10 mil por mês.
 
 
 
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