Brasil, 23 de Setembro de 2024
12 de novembro de 2007

Plástica na adolescência: a decisão deve ser compartilhada com a família e o médico

Plástica na adolescência: a decisão deve ser compartilhada com a família e o médico



Plástica na adolescência: a decisão deve ser
compartilhada com a família e o médico

Quanto às lipoaspirações, elas estão praticamente contra-indicadas na adolescência, pois podemos perder a oportunidade de incentivar o adolescente a adotar hábitos saudáveis como uma boa alimentação e a prática de atividades físicas.

Além do público feminino, a cirurgia estética está atraindo cada vez mais o público jovem. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em 2006, foram realizadas 700 mil plásticas estéticas no país, sendo que os adolescentes - entre 14 e 18 anos - representaram 15% desse total, ou seja, 105 mil jovens se submeteram a algum tipo de intervenção estética.

Na lista dos procedimentos mais procurados por este público estão: rinoplastia (plástica de nariz), mamoplastia redutora (diminuição das mamas), mamoplastia de aumento (prótese de silicone), lipoaspiração, correção de orelhas em abano (otoplastia) e a ginecomastia (correção do volume das mamas masculinas).

A adolescência é marcada por diversas mudanças físicas, psicológicas e comportamentais que, muitas vezes, não justificam a opção pela cirurgia. É importante destacar que a cirurgia plástica deve ser uma opção nesta etapa da vida, em situações em que a única solução para resolver questões que abalam a auto-estima e o estado emocional do jovem seja realmente a cirurgia.

Normalmente, a opção pela cirurgia plástica deve ser feita pelo próprio paciente, que deve estar convicto de que a deseja, depois de ter tentado conviver com o problema que tem ou julga ter, sem conseguir resolvê-lo por outros meios. Só que no caso dos adolescentes, essa decisão está nas mãos de seres em formação, não de adultos. A adolescência é marcada pela não aceitação do próprio corpo, que passa por muitas transformações, num curto período. Por isto, defendo a responsabilidade de pais e médicos na decisão do adolescente de se submeter à uma cirurgia plástica.

Há casos em que a cirurgia plástica na adolescência ou até mesmo na infância se faz necessária, como o caso das orelhas em abano que podem ser corrigidas a partir dos sete anos de idade, fase em que a cartilagem da orelha está completamente formada. Mas, quando o assunto é puramente estético o médico precisa conversar com os pais e, principalmente, com o adolescente, pois, em muitos casos, é muito difícil para os pais imporem limites aos filhos, mas eles são necessários e cada família lida com estes conflitos de maneira distinta.

Quanto ao papel do médico neste processo de insatisfação que o adolescente relata com o próprio corpo deve ser encarada com critérios médicos, para que haja uma indicação precisa da cirurgia plástica. É necessário também avaliar a maturidade física e emocional do adolescente e informar ao paciente e aos pais os passos da cirurgia, os riscos e as possibilidades de complicações, bem como as restrições no período de recuperação.

Sob o ponto de vista clínico, a plástica na adolescência precisa ser cuidadosa, pois é uma cirurgia com todos os riscos de qualquer outra. O cirurgião deve solicitar todos os exames pré-operatórios necessários e, inclusive, encaminhá-los para avaliação de outros especialistas, se for o caso.

Idade ideal

Desde que o jovem seja saudável e todos os exames pré-operatórios sejam realizados, não existe uma idade exata a partir da qual as cirurgias plásticas possam ser realizadas. É preciso considerar o desenvolvimento físico e emocional de cada paciente.

Em casos de mamas chamadas gigantes, ou seja, quando notadamente as mamas têm um tamanho desproporcional ao corpo, a cirurgia plástica pode ser feita mesmo precocemente, entre os 14 ou 15 anos, uma vez que comprometem o bom desenvolvimento postural da jovem e limitam as atividades físicas.

Já em relação às queixas de mamas pequenas, só se indica a cirurgia precocemente, antes dos 18 anos, para implante de próteses mamárias nos casos em que por uma alteração no desenvolvimento das mesmas ocorra uma assimetria muito grande. Mesmo assim, ainda existe a possibilidade de nova intervenção ao final do período de crescimento para ajustar o resultado.

Dr. Ruben Penteado, cirurgião plástico e diretor do Centro de Medicina Integrada, em São Paulo

 


 

 
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