A metabologia explica por que é tão importante
para a saúde fisica e psicológica dormir bem |
Dormir cerca
de 7 a 8 horas por noite não é apenas uma necessidade de descanso
mental e físico, mas acima de tudo metabólico. Durante o sono ocorrem
vários processos no metabolismo que, se alterados, podem afetar o equilíbrio
de todo o organismo a curto, médio e longo prazo. Estudos provam que quem
dorme menos do que o necessário tem menor vigor físico, envelhece
mais precocemente, está mais propenso a infecções, à
obesidade, à hipertensão e o diabetes.
“É um total contra-senso o fato de num mundo em que cerca de 16 a
40% das pessoas sofrem de insônia, existam aquelas que iludidas pelos valores
da sociedade industrial, esforçam-se por reduzir o número de horas
de sono diário”, opina o Dr. Barakat, médico especialista
em Metabologia, Nutrologia e Fisiologia do Envelhecimento e Ciência do Anti-envelhecimento,
membro da International Hormone Society/EUA e fundador do Instituto de Medicina
Integrada, Fisiologia e Nutrologia Esportiva Health4Life, em São Paulo.
“Com isso, acreditam provavelmente que um corpo "treinado" para
dormir menos, permita ampliar o número de "horas úteis"
do dia, mantendo o mesmo desempenho. É pura ilusão”, completa.
Segundo Dr. Barakat, alguns fatos comprovados por pesquisas dão uma idéia
da importância que tem o sono no nosso desempenho físico e mental.
Um estudo realizado pela Universidade de Stanford, EUA, com indivíduos
que não dormiam há 19 horas, foram submetidos a testes de atenção.
Constatou-se que eles cometeram mais erros do que pessoas com 0,8 g de álcool
no sangue - quantidade equivalente a três doses de uísque.
Outro estudo, realizado através de exames de tomografia computadorizada
do cérebro de jovens privados de sono, mostra a redução do
metabolismo nas regiões frontais (responsáveis pela capacidade de
planejar e de executar tarefas) e no cerebelo (responsável pela coordenação
motora). Os especialistas concluíram que a falta de sono aumenta a dificuldade
de acumular conhecimento, conduz a alterações do humor, falta de
criatividade, falta de atenção, memória e equilíbrio.
O sono e os hormônios
A longo prazo, a privação do sono pode comprometer seriamente a
saúde, uma vez que é durante o sono que são produzidos alguns
hormônios que desempenham papéis vitais no funcionamento de nosso
organismo. Por exemplo, o pico de produção do hormônio do
crescimento (também conhecido como GH, de sua sigla em inglês, Growth
Hormone) ocorre durante a primeira fase do sono profundo, aproximadamente meia
hora após uma pessoa dormir.
“A importância da liberação do hormônio GH, durante
o nosso, entre outras funções, é ajudar a manter o tônus
muscular, evitar o acúmulo de gordura, melhorar o desempenho físico
e combater a osteoporose”, explica Dr. Barakat. O especialista explica que
outro hormônio, também liberado durante o sono é a leptina,
capaz de controlar a sensação de saciedade. Ele alerta que pessoas
que permanecem acordadas, por períodos superiores ao recomendado, produzem
menor quantidade de leptina, resultando em maior necessidade de ingerir carboidratos,
o que pode evoluir para a obesidade.
As fases do sono
São basicamente quatro as fases do sono: a fase 1 é quando a Melatonina
é liberada, induzindo o sono (sonolência). Na fase 2, diminuem os
ritmos cardíaco e respiratório (sono leve), e é o onde os
músculos se relaxam e a temperatura corporal cai. Nas fases 3 e 4 há
o pico de liberação do GH e da leptina e é quando o cortisol
começa, durante o sono profundo, a ser liberado, até atingir seu
pico, no início da manhã. Finalmente, o sono REM - sigla em inglês
para movimento rápido dos olhos -, é o pico da atividade cerebral,
quando ocorrem os sonhos, o relaxamento muscular atinge o máximo e voltam
a aumentar as freqüências cardíaca e respiratória.
É no sono REM que as informações que foram aprendidas durante
o dia, são processadas e armazenadas. Se alguém, adulto ou criança,
dorme menos que o necessário, sua memória de curto prazo não
é adequadamente processada e a pessoa não consegue transformar em
conhecimento aquilo que foi aprendido. Em outras palavras: se alguém -
adulto ou criança - não dorme o tempo necessário, tem muita
dificuldade para aprender coisas novas.
A quantidade ideal de horas de sono, embora seja uma característica individual,
gira em torno de 7 a 8 horas diárias. Falando em crianças, é
especialmente importante que seja respeitado um período de 9 a 11 horas
de sono, uma vez que, quando elas não dormem o suficiente, ficam irritadiças,
além de terem comprometimento de seu crescimento (devido ao problema da
diminuição do hormônio do crescimento), do aprendizado e da
concentração.
Os riscos provocados pela falta do sono, a curto prazo são: cansaço
e sonolência durante o dia, irritabilidade, alterações repentinas
de humor, perda da memória de fatos recentes, comprometimento da criatividade,
redução da capacidade de planejar e executar, lentidão do
raciocínio, desatenção e dificuldade de concentração.
Já a longo prazo, pode ocorrer falta de vigor físico, envelhecimento
precoce, diminuição do tônus muscular, comprometimento do
sistema imunológico, tendência a desenvolver obesidade, diabetes,
doenças cardiovasculares e gastro-intestinais e perda crônica da
memória.
Conselhos para dormir melhor
• À noite, coma somente alimentos de fácil digestão;
não exagere nas quantidades
• Evite tomar café, chás com cafeína (como chá-preto
e chá-mate) e refrigerantes derivados da cola, pois todos são estimulantes
("despertam").
• Evite dormir com a TV ligada, pode impedir que a cheguar à fase
de sono profundo.
• Apague todas as luzes, inclusive a do abajur, do corredor e do banheiro
• Vede bem as janelas para não ser acordado pela luz da manhã
• Não leve livros estimulantes, nem trabalho para a cama
• Procure usar colchões confortáveis e silenciosos
• Tire da cabeceira o telefone celular e relógios
• Tome um banho quente, de preferência na banheira, para relaxar,
antes de ir dormir
• Procure seguir uma rotina à hora de dormir, isso ajuda a induzir
o sono
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