Acne: conceitos e tratamentos
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*Maria de Fátima Lima Pereira
Hoje
devemos pensar, mais do que nunca, na qualidade do atendimento que podemos oferecer
no tratamento do paciente, em se tratando de uma cabine de estética ou
de um consultório médico. É importante ressaltar que para
se obter esta condição, o esteticista deve ter conhecimento técnico/científico
apurados para reconhecer e identificar o grau da Acne, saber eleger a forma cosmética,
princípio ativo e as técnicas adequadas, que serão aplicadas,
quer em parceria com o médico dermatologista ou na cabine. Saber das limitações
de atuação no acompanhamento da acne também é condição
primordial para o êxito do trabalho do esteticista.
A acne é uma doença inflamatória crônica que acomete
o folículo pilossebáceo, afeta 80% da população no
período da puberdade. Pode também, aparecer na vida adulta e no
recém nascido.
Atualmente se considera que existem multifatores que determinam a acne como: hiperprodução
de seborréia, hiperceratose do canal folicular e a proliferação
bacteriana. Em geral, quem tem acne apresenta um hiper funcionamento da glândula
sebácea. É regra dizermos, que todo acnéico possui pele oleosa
mas, nem todos que possuem pele oleosa tem acne.
As bactérias atuam sobre o sebo acumulado e favorecem a inflamação
da pele, formando lesões avermelhadas, que podem ser doloridas e com pus.
A principal bactéria envolvida se chama Propionibacterium acnes (P acnes).
Esta bactéria é uma bacilo anaeróbio que tem capacidade de
liberar uma lipase que hidrolisa as gorduras do sebo, gerando ácidos graxos
que são substâncias irritantes e comedogênicas, além
disso esse microorganismo é capaz de ativar os mecanismos de inflamação
da pele.
Podemos dizer que, a excessiva secreção sebácea é
hormono-dependente e o agente responsável é a testosterona, segregada
nos homens pelos testículos e nas mulheres pelos ovários e glândulas
supra-renais. O andrógeno é ativado na própria glândula
sebácea por uma enzima chamada 5ª redutase.
A acne caracteriza-se por comedões, pápulas, pústulas,
cistos, nódulos, abcessos e cicatrizes. Podemos dizer que a acne vulgar
é um tipo mais comum e afeta principalmente os adolescentes, com períodos
de piora e melhora. A manipulação da pele pelos adolescentes é
extremamente prejudicial pois, pode desencadear o chamado acne escoriata (com
ferimentos) ocasionando verdadeiras lesões e cicatrizes na pele. Neste
momento é de extrema importância a orientação do esteticista,
quanto a higiene correta, a não manipulação da pele e evitar
o uso de cosméticos comedogênicos que podem provocar o agravamento
da acne, chamado acne cosmético. A limpeza da pele é um procedimento
coadjuvante no tratamento da acne e somente pode ser praticada por profissionais
habilitados, que saibam trabalhar em parceria, respeitam a prescrição
médica e as endossa.
Tipos de acne e de lesão
• Grau I ou comedoniana comedões (cravos)
• Grau II ou acne Pápulo-pustular comedões pápulas
(espinhas)
• Grau III ou acne nódulocística comedões pápulas,
pústulas, nódulos ou cistos
• Grau IV ou acne Conglobata comedões pápulas, pústulas,nódulos,,cistosou
abcessos.
O profissional de estética somente deve manipular a pele com Acne grau
I (comedoniana), sendo que os demais graus II,III e IV devem ser tratados pelo
médico dermatologista, que orientará quanto ao procedimento a seguir
que poderá incluir antibióticos sistêmicos ou tópicos,
agentes queratolíticos, sabões, antiinflamatórios, ácidos
e aplicação de peelings.
Quando o esteticista trabalha em parceria com o médico, há possibilidade
de atuar no acompanhamento do acne de modo mais participativo, não só
no Grau I como também nos demais Graus, com objetivo de promover afinamento
da capa córnea (diminuição da hiperqueratinização),
da higienização mais profunda, como agente regulador da produção
sebácea e em graus mais avançados, promovendo descongestão
de uma pele hiper inflamada ou que faça uso da tretinoína ou isotretinoína.
Quando falamos em prevenção, este é o papel principal
do profissional de estética, que antes de mais nada, orienta os futuros
pacientes que, não se deve manipular a pele, que a higiene é fundamental,
que bons hábitos alimentares devem ser meta de vida e, que hoje em dia
não é mais regra dar "dieta" para tratar com eficiência
a acne e sim, que a alimentação pode desencadear lesões de
acne, desde que seja uma predisposição individual (isto é
muito importante). Portanto, existem pacientes que mesmo comendo chocolate, amendoim,
frituras, etc, não desencadeiam acne, já outros podem desencadear.
O profissional de estética está habilitado para acompanhar o
tratamento da acne porém ele não pode afirmar que vai curar a afecção,
porque não é de sua competência profissional e, sim do médico.
Por este motivo, o esteticista faz anamnese em seus clientes, identifica a patologia
porém, é prudente que encaminhe este paciente para o dermatologista
e, juntos poderão cuidar desta pele.
Objetivos do profissional esteticista em cabine
• Ficha de anamnese - dados pessoais; hábitos (alimentação,
higiênicos, etc); tratamentos anteriores (quer estéticos ou médicos);
antecedentes alérgicos; exame objetivo (visual, apalpação,
lupa); definir lesões, cor, superfície, espessura; tratamento cosmético
realizado; orientação ao cliente.
• Manter e desengordurar a pele (adequação cosmética)
- normalmente para cuidados com acne utilizamos as seguintes formas cosméticas:
pós, soluções, loções, suspensões, emulsões,
pomadas e géis
• Atenuar a secreção sebácea;
• Manter a fluidez sebácea;
• Desobstruir óstio folicular (retirada de comedões);
• Extrair material seborréico retido (utiliza técnicas
adequadas de extração);
• Não pressionar lesões sólidos (nódulos,
cistos, pápulas);
• Orientar e apoiar o paciente quanto à utilização
de cosméticos esfoliantes, queratolíticos, normalizadores da secreção
e esclarecimentos de ordem geral
• Nunca intervir na orientação médica
O esteticista que tem sessões periódicas com o paciente, pode
observar a melhora do quadro e até mesmo informar ao médico possíveis
pioras ou efeitos adversos aos medicamentos, evitando assim interrupções
e até mesmo abandono do tratamento. Essa parceria transmite confiança
e demonstra o domínio científico do quadro clínico.
* Maria de Fátima Lima Pereira é esteticista facial e corporal,
consultora técnica e coordenadora científica do Congresso de Estética
Aplicada da Hair Brasil
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