18 de maio de 2015

Beleza negra: história, encantos e glamour

Beleza negra: história, encantos e glamour





Beleza negra: história, encantos e glamour

Na época da escravidão os fios crespos dos negros eram raspados e este ato equivalia à mutilação, uma vez que os cabelos eram a marca da sua identidade. Até a primeira metade do século XX, a estética branca determinava os padrões de beleza em praticamente todo o mundo e o racismo teve efeitos perversos para os afrodescendentes. O preceito que vigorava na ocasião era de que o cabelo crespo dos negros era “ruim”.

Ao longo da história, a África nunca esteve distante do culto à beleza. Não apenas do corpo, mas em diversas formas de arte. Em conjunto com o rosto, os cabelos definiam a pessoa e o grupo ao qual pertenciam. Os cabelos indicavam a posição social, a identidade étnica, a origem, a religião, a riqueza e a idade. Criando deste modo, formas únicas para cada clã ou tribo.


Não pense que isso acabou, pois ainda definimos grupos por seus cabelos, um exemplo, são as diferenças musicais que acarretam também nos diversos modos de cortes e penteados como: o black power (black music e disco music), moicano (punks), dreads (cultura reggae), escovinha (militar), parafinado e descolorido (surfistas), coloridos (new wave e moderninhos), compridos (metaleiros), com topetes e gel (rock 60’s), etc.

O negro é lindo! Esta era uma das premissas do movimento Black Power, na luta pelos direitos civis dos negros, surgido nos Estados Unidos em 1960. Desde então, a luta passou a ser pelos direitos de igualdade racial, social e com a beleza também não foi diferente. O novo movimento étnico foi um divisor de águas em relação à valorização da cultura negra, sua moda e estética, que aliada ao conceito de beleza e a uma luta política, social se espalhou pelo mundo.

Através desse movimento o negro, o mestiço e o afrodescendente passaram a ter maior convicção em aceitar seus traços e originais. O orgulho negro e a moda disseminada nos discursos norte-americanos ganharam força para desassociar o ideal de beleza negra do ideal branco. Que até então dominava o modismo, pregando cabelos lisos, longos e louros.

Com tais tendências em vigor, procurou-se uma naturalização dos cortes, trançados e penteados afros, sendo impulsionado então, pelo movimento americano do “Black-Power” e jamaicano dos “Dread Looks”. Os bailes serviam de pontos de encontro, onde toda uma linguagem e expressões, nascidas nos salões de beleza, começaram a conquistar espaço na sociedade de consumo e o cabelo Black Power foi virando tendência e passou a ser cortejado também pela população branca, que buscou os salões especializados em cabelos negros para fazer permanentes afros, ganhando cachos e deixando os cabelos crespos.




O corpo nas culturas africanas e afro-brasileiras é o mais sagrado e completo instrumento de comunicação. A linguagem corporal é compreendida tão claramente que a roupa não deve inibir e nem privar seus movimentos, pois isto seria contra os princípios divinos. “O negro não se veste, ele se produz”.

Uma das características da moda africana é a mistura de estilos e culturas, batas, turbantes, bolsas com retalhos de tecidos, panos coloridos usados em roupas ou para enfeitar a cabeça fazem parte das produções. A marca registrada do traje africano está na combinação das cores fortes ou no uso do branco por completo, um tecido na cintura bem arrumado de forma a não cair com o mais brusco dos movimentos ou no jeito de amarrar sem dar apenas um nó. Nos cabelos tranças de fibras e arranjos de flores.





 

Por trás de cada gesto há um ritual que mantém os africanos ligados aos seus ancestrais. Quando põe sobre o corpo adornos em ouro, metais, colares de sementes, objetos de madeira, búzios, dentes, brincos de penas, ossos, peles, etc., ele está se conectando com os três reinos originais: o mineral, o vegetal e o animal. Vestir-se bem é para os africanos e seus descendentes uma questão de honra, seja para homenagear uma divindade ou mostrar prosperidade.

Assim como o efeito dos cabelos, outros elementos são incorporados à imagem. A maquiagem como um estilo afro "autêntico ou estilizado" que tem uma importância na valorização do rosto, traços e tipo físico, que associada ao cabelo torna-se um elemento fundamental na constituição de um todo para a beleza negra. Sendo assim, as tradições da África assumem um novo colorido e nos deixam maravilhados com o esplendor da beleza negra.



Por Janaína Freitas