21 de fevereiro de 2005

Dermatite de contato: quando a pele afeta o trabalho

Dermatite de contato: quando a pele afeta o trabalho



Dermatite de contato: quando a pele afeta o trabalho

O contato da pele com certas substâncias podem ter conseqüências desastrosas para algumas pessoas, podendo afetar até mesmo seu dia-a-dia no trabalho. Essas substâncias podem dar origem à chamada dermatite ou eczema de contato, uma afecção da pele que atinge até 10% da população e causa vermelhidão, coceira, ardência, ressecamento, descamação, bolhas e rachaduras. Como explica Dr. Vitor Manoel Silva dos Reis, médico dermatologista da Divisão de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

“A dermatite de contato é causada por um agente externo, também chamado de agente contactante, que, em contato com a pele, desencadeia uma reação inflamatória. A reação pode ocorrer por meio de dois mecanismos: imunogênico, que causa a dermatite de contato alérgica, e não-imunogênico, causando a dermatite de contato irritativa”, esclarece Dr. Vitor Manoel Silva dos Reis.

A dermatite de contato irritativa ocorre por simples contato da pele com agentes agressores, cujo mecanismo de ação não envolve eventos imunológicos. “Os sintomas podem aparecer imediatamente, como no caso do contato com um ácido, ou depois de longos períodos de exposição, como o contato com detergentes, sabões e até mesmo com a água. Porém, as lesões regridem com a retirada do agente irritante. Já na dermatite de contato alérgica a substância contactante penetra na pele e é reconhecida pelo sistema imunológico como estranha e nociva, gerando uma reação de defesa excessiva, que compromete o organismo como um todo. Assim poderão ocorrer lesões mais intensas e à distancia do foco original”, explica Dra. Flavia Addor, médica dermatologista, membro do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia e sócia fundadora da Medcin – Instituto da Pele.

Segundo a Dra. Flavia, as lesões podem evoluir de várias maneiras se não tratadas. “Pode haver infecção, formação de manchas e aparecimento de lesões à distancias da área original. Elas variam de acordo com o grau de sensibilidade do paciente, com a intensidade, freqüência e duração da exposição, e com o potencial irritante da substância”. Conforme explicam os médicos, a patologia pode ser diagnosticada observando-se o aspecto da lesão, bem como sua localização inicial, e pela história clínica detalhada. Em alguns casos, utiliza-se o teste de contato, que consiste em expor a pele a ingredientes de maior potencial alergênico ou com o produto suspeito. O tratamento deve começar pelo afastamento da substância causadora da irritação e tem continuidade com o emprego de corticóides tópicos, anti-histamínicos e, nos casos severos, corticóides orais.

* Dra. Flavia Addor, médica dermatologista, membro do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia e sócia fundadora da Medcin – Instituto da Pele.

* Dr. Vitor Manoel Silva dos Reis, médico dermatologista da Divisão de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.