22 de setembro de 2008

Lipoaspiração: técnicas atuais, riscos e os cuidados pós-cirúrgicos

Lipoaspiração: técnicas atuais, riscos e os cuidados pós-cirúrgicos




Lipoaspiração: técnicas atuais,
riscos e os cuidados pós-cirúrgicos

Com a temporada de verão se aproximando, as pessoas tendem a se preocupar mais com o corpo, a pele e a alimentação. As academias ficam mais cheias, os spas lotam e a procura por tratamentos de pele, procedimentos estéticos e cirurgias plásticas cresce significativamente.

Dentre as cirurgias plásticas mais procuradas pelos brasileiros está a lipoaspiração. Porém, antes de se submeter à cirurgia é necessário conhecer, de forma clara e objetiva, quais são as técnicas mais modernas, como é feita a cirurgia, quais são os riscos, o tempo de recuperação, os tratamentos auxiliares e o cuidado pós-operatório. O Dr. Alan Landecker, formado em Medicina e Cirurgia Geral pela Universidade de São Paulo, dá dicas, fala dos riscos e cuidados pós-cirúrgicos.

Uma pessoa acima do peso pode realizar uma lipoaspiração?
A lipoaspiração é indicada para eliminar gordurinhas localizadas ou os famosos pneuzinhos, que tendem a se acumular na região dos quadris, culotes, abdome, costas, joelhos e pescoço. Pacientes com gordura localizada e que não respondem a programas de dieta e exercícios são candidatos ideais para esta cirurgia. Vale lembrar que o procedimento não substitui os bons hábitos de alimentação, exercícios e não deve ser indicado em pacientes obesos que consideram-no a “salvação” em termos de perda de peso. Ou seja, a lipoaspiração não deve ser feita para emagrecer.

Como é feita a cirurgia?
A lipoaspiração é realizada através de incisões localizadas nas dobras de pele ou em locais onde as cicatrizes resultantes ficarão praticamente imperceptíveis. O procedimento começa com a injeção de uma solução chamada “tumescente” na gordura abaixo da pele. Esta solução, que contém soro fisiológico, adrenalina e um anestésico local, minimiza a perda de sangue, o inchaço e as dores durante o pós-operatório. Além disso, o tecido gorduroso fica mais frouxo, facilitando o processo de aspiração. O resultado final é o aumento da segurança e eficácia da lipoaspiração, permitindo a retirada de volumes de gordura progressivamente maiores com maior conforto ao paciente.

Quais as mais modernas técnicas para a realização da lipoaspiração?
As técnicas mais modernas aplicam calor para derreter a gordura antes de aspirá-las, como a lipoaspiração a laser e a ultra-sônica. Mas, essas técnicas devem ser cuidadosamente indicadas, pois existe risco de queimaduras e acúmulos de líquido embaixo da pele após a cirurgia (seroma). Além disso, o profissional deve ser extremamente bem treinado para usar esta tecnologia.
Outra técnica recente é a vibrolipoaspiração, na qual a cânula vibra e teoricamente aspira a gordura com mais facilidade. Na realidade, essas técnicas apenas facilitam o trabalho do cirurgião, não havendo a diferença na qualidade do resultado final quando comparada à lipoaspiração tradicional.

Quais são os exames obrigatórios antes de se submeter a uma lipo?
Os exames essenciais são eletrocardiograma, hemograma, coagulograma, urina, anti-HIV, eletrólitos. Pacientes com doenças crônicas podem necessitar de exames específicos e uma avaliação clínica antes da cirurgia.

Para a pessoa obter os resultados da lipoaspiração para o verão 2009, até quando se deve realizar a operação?

Tendo em vista que a pessoa deve ficar sem tomar sol durante 2 a 3 meses, o ideal é que a lipoaspiração seja realizada até meados de outubro. E, mesmo após esse período sem exposição ao sol, o paciente deve aplicar um filtro solar com FPS maior ou igual a 30 nos locais operados por, pelo menos, um ano.

Quantos quilos ou litros de gordura podem ser retirados do organismo?
O Conselho Federal de Medicina permite que até 7% do peso corpóreo do paciente seja retirado numa lipoaspiração úmida e no máximo 4% numa cirurgia seca (sem solução tumescente). Por exemplo, uma pessoa que pesa 70 quilos pode aspirar, no máximo, 4quilos. Se a lipoaspiração for muito volumosa, a perda sanguínea também poderá ser, causando anemia.

Preciso ficar de repouso após a operação?
A pessoa precisa descansar pelo menos 5 dias, mas não precisa ficar na cama. Caminhadas curtas devem ser realizadas a partir do primeiro dia, acompanhadas de um adulto responsável. Recomendamos também a ingestão de grande quantidade (2 a 3 litros) de líquidos isotônicos, como água de coco, para repor os fluidos perdidos durante a cirurgia.

A lipoaspiração só pode ser feita em hospital?
A execução desta cirurgia em consultórios é extremamente arriscada, podendo causar graves complicações.

Quais os principais riscos de uma lipoaspiração?
Os maiores riscos são embolia, anemia e o aparecimento de irregularidades. Para se proteger da embolia, a mulher não deve tomar anticoncepcionais por, pelo menos, 14 dias antes da cirurgia e não injetar gordura em áreas onde foi feita a lipo na mesma cirurgia.

Para evitar anemia, o paciente deve estar em perfeitas condições de saúde antes da cirurgia e não aspirar volumes excessivos. Com relação às irregularidades na pele, o médico não pode invadir a camada superficial de gordura durante a aspiração. O paciente, após o procedimento, deve fazer drenagens e endermologia e sempre seguir as orientações do médico.

A pessoa deve operar em um bom hospital, com uma boa equipe, na qual o cirurgião seja membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), além de realizar uma avaliação pré-operatória completa antes da operação.

Quais são os principais cuidados após a realização da cirurgia?
São vários os cuidados e posso citar os principais:
- não realizar nenhum esforço físico significativo (qualquer esforço que aumente a pulsação para próximo de 100 batimentos/minuto) ou carregar peso por 1 mês após a operação;
- beber, pelo menos, 3 litros de água e de líquidos isotônicos, nas primeiras 48 horas, para repor a perda de líquidos devido ao jejum, à evaporação da sala cirúrgica e da própria perda de sangue inerente à cirurgia;
- não ingerir bebidas alcoólicas por 14 dias após a cirurgia, visando acelerar a reabsorção do inchaço;
- utilizar cinta de suporte colocada no final da cirurgia continuamente por 2 a 3 semanas. Após esse período, utilizá-la durante 12 horas por dia, por mais 2 a 3 semanas. Sua utilização é importante para uma boa cicatrização;
- não tomar sol por 2 a 3 meses após a cirurgia. Após este período, o paciente deve aplicar um filtro solar com FPS maior ou igual a 30 nos locais operados.

Dr. Alan Landecker, formado em Medicina e Cirurgia Geral pela Universidade de São Paulo, iniciou sua formação em Cirurgia Plástica com o Professor Ivo Pitanguy, com quem trabalhou durante três anos. Tornou-se Membro Titular e Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e, também membro da prestigiada International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). Realizou pós-graduação/especialização clínico-cirúrgicas nas Universidades de Miami, Alabama, Pittsburgh, New York e Texas Southwestern, um dos mais importantes centros de formação em cirurgia plástica dos Estados Unidos, o que permitiu desenvolver estudos que foram apresentados em eventos científicos e publicados em revistas internacionais especializadas.