04 de maio de 2009

Presidente do BC alerta para otimismo exagerado e pede equilíbrio ao mercado

Presidente do BC alerta para otimismo exagerado e pede equilíbrio ao mercado



Presidente do BC alerta para otimismo
exagerado e pede equilíbrio ao mercado

Para Henrique Meirelles, Brasil está no caminho da retomada do crescimento; porém, ainda não é hora de euforia

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, recomendou, em sua apresentação durante o 8º Fórum Empresarial/2º Fórum de Governadores, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) em Comandatuba, na Bahia, uma dose de “equilíbrio” ao mercado financeiro, em função da onda de otimismo provocada pelos recentes números da economia brasileira, que indicam que alguns setores começam a se recuperar da crise internacional. “É preciso ter confiança sem perder a noção da realidade. Não podemos nos deixar levar pelo humor do momento”, afirmou Meirelles.

Durante sua apresentação feita para 700 pessoas, entre empresários, ministros, governadores e senadores, e cujo tema foi a “Sustentabilidade Econômica”, Meirelles destacou números setoriais – como a recuperação da indústria automobilística, cuja produção em março voltou para os níveis pré-crise – que, segundo ele, indicam que o Brasil segue uma rota de recuperação econômica, e colocou o País em destaque em relação aos demais no enfrentamento da crise. Porém, apontou um otimismo exagerado. “Não podemos ficar eufóricos, achar que agora tudo é uma maravilha. Senão, o primeiro sinal negativo pode gerar uma nova onda de decepções”, explicou.

“Já sabemos, por exemplo, que a produção no primeiro trimestre do ano não foi bem, pois estávamos saindo de um período de grande retração econômica. Esse número, porém, só será divulgado em junho. Ou seja, esse resultado, ainda que se refira a uma fase já superada, pode frustrar o mercado, se entrarmos numa onda de euforia otimista”, acrescentou Meirelles.

Um diferencial da economia brasileira em relação ao resto do mundo na superação da crise é a perspectiva de estabilidade e solidez, na avaliação do presidente do BC: “O Brasil e a China são os únicos países que enfrentarão esses desafios sem desequilíbrios. Em outros tempos, quando passamos por situações semelhantes, acabávamos trocando crise externa por crise interna, com inflação ou problemas fiscais”.

Para Meirelles, o que evitou uma crise sistêmica no Brasil foi o volume das reservas internacionais. Os depósitos compulsórios, no auge da crise, atingiram o patamar de US$ 259 bi. “O Brasil reagiu bem e deve sair mais rápido desta crise que a maioria dos países. E mais forte.”

Juros e crédito
Em sua apresentação, Meirelles destacou que a taxa de juros (Selic) deve seguir a tendência de queda no médio prazo. “A Selic já atingiu o menor nível da história”, afirmou.

Uma das conseqüências dessa queda, de acordo com Meirelles, é a questão da remuneração da caderneta de poupança. “Na hora de tomar dinheiro emprestado, todos nós queremos juros baixos. Mas na hora de remunerar nosso investimento, queremos os juros mais elevados. Esse é um desafio que teremos que enfrentar. Esse assunto será pauta do Congresso Nacional”, explicou o presidente do BC.

Ele confirmou que haverá mudanças nas regras da caderneta de poupança, mas o assunto ainda está em discussão pela equipe econômica. Também estão a caminho algumas medidas para estimular o crédito, como o “Cadastro Positivo”, um banco de dados que reúne informações de pagamento dos consumidores e de empresas, e que pode servir de referência para que os bancos possam oferecer juros menores.

Os bancos públicos também terão papel fundamental nesse processo, disse Meirelles. Atualmente, 50% de todo o crédito no País está nas mãos dos bancos públicos. “Cabe a eles esse papel de condutor do processo de recuperação do crédito”, avaliou.
Outra alternativa é o leilão de dólares sem direcionamento.

Semelhante aos leilões realizados para financiar o comércio exterior, neste caso os dólares adquiridos pelas instituições financeiras podem ter múltiplas aplicações, como viabilizar empréstimos para as empresas.

Todos estes itens, aliado a outros fatores – como redução da inadimplência e dos impostos – vão impulsionar a redução dos spreads bancários. “Os spreads ainda estão muito elevados e precisam cair mais. Com essas medidas, essas taxas vão cair naturalmente.”

Crédito fotos: Janete Longo, Eduardo Braga e Laís Guadanhim

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