16 de novembro de 2004

Silicone moderno dura mais

Silicone moderno dura mais



Silicone moderno dura mais

Dra. Deusa Pires Rodrigues*

Nos anos 70, as próteses mamárias eram fabricadas com silicone líquido em seu interior, e revestidas por uma camada conhecida como prótese lisa. Este material foi implantado em mulheres até dez anos atrás. O único impasse é que a prótese apresentava instabilidade, riscos de vazamento e formava uma camada externa que endurecia e podia deformar os seios. Diante disso, a necessidade de troca do silicone antigo é essencial, não só pelo tempo, mas pela segurança questionável.

Atualmente, as próteses são feitas para durar cerca de duas décadas dentro do corpo. Os implantes modernos são muito resistentes e não apresentam risco de ruptura. Em casos de acidentes graves, mesmo que a prótese se rompa e ocorram fraturas nas costelas, por exemplo, não há risco de escorrimento.

As próteses atuais são revestidas de poliuretano, um isolante que evita rupturas. Em um rompimento acidental, o material interno não se espalha, porque ele é feito sob forma de gel, e não mais líquido. Esse gel possui moléculas adesivas que se auto-atraem, mantendo seu conteúdo sempre concentrado, mesmo sob forma gelatinosa. Desta forma, não existe possibilidade das moléculas de silicone se espalharem pelo organismo.

Até por isso que quando se fala de silicone injetável, refere-se a um procedimento ilegal, vetado pelo Senado em 2002, pelos riscos que implica a sua infiltração no organismo. O silicone injetável pode causar danos à saúde e não pode ser retirado do organismo, uma vez que é absorvido por alguns órgãos. Qualquer tipo de silicone utilizado legalmente, é sob a forma de próteses.

Devido à resistência dos implantes atuais, admite-se que eles durem de 20 a 30 anos. Embora teoricamente esta seja a duração, não se pode esquece-los. Indicamos exames periódicos, como USG das mamas, a partir dos 8 anos de sua colocação. Qualquer sinal de desgaste no envoltório exige uma cirurgia de troca sem urgência.

Câncer de mama
Quanto à suspeita de que próteses antigas provoquem câncer de mama, nunca se comprovou isso cientificamente. Os implantes não têm relação alguma com câncer. Pesquisas recentes demonstraram que mulheres com silicone nos seios desenvolvem anticorpos em grande quantidade nesta região, aumentando a imunidade local e impedindo a formação de células doentes.

* Deusa Pires Rodrigues é cirurgiã-plástica, membro efetivo da SBCP—Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica